domingo, 1 de março de 2009

Então, o que é o amor?

Desde muito pequenos nos ensinaram como amar e a quem amar. Veio da nossa cultura e dos nossos pais. Nunca paramos para responder a esta pergunta, mas balizamos nossa conduta por um modelo que, de uma certa forma, nos foi imposto. A primeira vez que pensei sobre o amor foi exatamente porque questionei sobre se o que eu sentia era realmente amor. A pergunta assustadora “será que amo?” nos leva a uma outra “será que sabemos o que é amar”.
O que nos ensinaram? Que o amor é incondicional, que quando amamos somos um com o outro, se encontrarmos nossa cara metade seremos felizes para sempre, o amor não exige, o amor não pede nada em troca, quando amamos nos doamos inteiramente e para sempre. Depois de tudo que pensei, li, aprendi e chorei (para mim não existem aprendizados significativos para alma sem uma boa dose de choro – remédio necessário e curativo) descobri que o amor não era nada daquilo que tinham me ensinado.
O dicionário Aurélio da língua portuguesa tem mais de 10 definições para o amor. Acho que juntando tudo o que está dizendo ali eu poderia dizer: amor é um sentimento de afeto que pode envolver laços, adoração, veneração, atração física, amizade, carinho, simpatia, ternura, companheirismo. Não existe somente um tipo de amor (os gregos antigos já sabiam disso). E não precisamos ir muito longe para perceber que o amor é um sentimento que permea toda a vida humana. As novelas, filmes, música, cinema e qualquer outro tipo de arte, fala sobre o amor. Dizemos que Deus é amor. Isso parece ser unânime em todas as grandes religiões. Mas será que todo amor é bom, saudável, necessário? Será que muitas vezes não usam o amor como uma forma de nos manipular para que possamos servir ao poder e ao sistema sem ao menos pensar: “é assim mesmo”?
Clarissa Pinkola Estés, no livro Mulheres que Correm com Lobos, nos ensina o que é preciso aprender para se ter um amor pleno. Precisamos olhar para nós mesmos e não fugir de quem a gente é. Buscar no outro a salvação de uma vida miserável, angustiante, triste e até mesmo tediosa é correr do amor. Para se amar é preciso olhar aquilo que em nós não “cheira-bem”, perceber do que estamos sempre fugindo, ver beleza em nossas partes “não-belas”. O que o amor faz quando entra em nossa vida? Mexe no nosso lago cristalino de auto-imagens irreais, passa a mão lá embaixo e traz a tona todas as nossas mentiras e ilusões. Para amar é preciso ser corajoso e forte, pois não há amor sem mortes (para que nasça algo é preciso que a morte se faça presente): nós cometemos o erro de amar achando que tudo vai ser lindo e puro êxtase para sempre. Mas no amor tem vida e vida tem altos e baixos. O amor nos testa para podermos ver o que realmente somos e se gostamos de nós assim, exatamente assim, com todos os nossos “chulés e perebas” e se somos capazes de enxergar e amar o outro como ele dolorosamente é (sem máscaras). Amor não é droga (que anestesia a dor). Amor é este sentimento que nos vira pelo avesso (contrário do parto) e nos torna íntegros.
Quer saber se você ama de verdade? Para saber a resposta é só ver se você tem um relacionamento que lhe faz crescer, amadurecer, estar em pé de igualdade com o outro mesmo tendo gostos, opiniões e certezas diferentes. Perceber se você se sente em paz e não precisa ficar o tempo todo fazendo de tudo para aquela relação dar certo com medo do que o outro vai pensar ou fazer (pisando em ovos). Sinta se você está contente consigo mesmo, se sente integro, inteiro sem esconder ou escamotear o amor, o gostar, a raiva, o incomodo. O amor, por não ser este ideal que nos criamos para ele, tem sempre a oportunidade de se renovar, renascer e se recriar.
Como eu sei disso? Acho que sou uma filósofa (penso) e estou amando (vivo).

7 comentários:

  1. Não esperava encontrar uma passensse aqui na blogosfera, muito menos prof de Filosofia...
    Abraço!

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  2. "O que nos ensinaram? Que o amor é incondicional, que quando amamos somos um com o outro, se encontrarmos nossa cara metade seremos felizes para sempre, o amor não exige, o amor não pede nada em troca, quando amamos nos doamos inteiramente e para sempre. Depois de tudo que pensei, li, aprendi e chorei (para mim não existem aprendizados significativos para alma sem uma boa dose de choro – remédio necessário e curativo) descobri que o amor não era nada daquilo que tinham me ensinado."
    Eu penso que mesmo com umas dosagens leves ou até brutas de aprendizado,o choro(que lava a alma)ainda se pode amar incondicionalmente, só discordo desse ponto, mais o texto está ricamente explícito sobre o amor!

    Penso que o AMOR é uma incógnita pra quem não o vive, ele tem várias linguagens de ser falado e diversas maneiras de ser interpretado, mais nunca fugindo da sua verdadeira essência, que é a disposição em AMAR, ama somente quem está disposto a amar, AMAR é ver uma situação e vivenciá-la com os olhos da sua(seu)amada(o)!
    O amor é algo duradouro quando se faz verdadeiro e embasado no que se acredita, as demais coisas passam, dinheiro, estatus, fama, poder ... mais o AMOR permanece!


    Me identifiquei muito com o tema, pois eu amo e tenho prazer em AMAR ...
    Como já disse, independente do que me for causado, alegrias(queria sempre) ou até mesmo tristezas, prefiro amar, o amor gera futos e sempre BONS!!!

    Leandro Goulart 3° período de Enfermagem

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  3. Laura
    Adorei o blog...
    Amar e muito bom quando somos correspondidos pois o amor é felicidade e um bem que se multiplica ao ser dividido...
    Muito Obrigada por ter me falado um pouco do que é o amor....
    Abraços...
    De sua aluna: Wislaine-enfermagem

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  4. Laura
    Me identifico muito com seus comentários, você toca onde há de mais profundo de um ser humano...o interior!!
    As vezes deixamos que o amor que sentimos se tranforme em uma bola de neve...acomodamos e deixamos assim de viver intensamente uma bela paixão.
    As vezes por termos sofrido uma vez, temos medo de nos machucar...mas nada melhor do que reviver de novo uma nova paixão!!!
    De sua aluna:Ruama(enfermagem)

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  5. Laura, realmente muitas vezes tentam nos impor o "amor" que acham o certo, e isso nunca nos despertou a curiosidade de saber o pq de ser assim...
    Gostei muito da sua maneira de interpretar o que é o amor, e concordo com muito do que vc disse.
    Abraços!!!

    Mylena - enfermagem.

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  6. Laura, o texto é muito lindo, vc falou de uma maneira tão clara e verdadeira!!! Nunca imaginei que alguém pudesse relatar de maneira tão explícita o significado do AMOR. E acho que não existe dicionário que possa explicar esse significado, não!! Pois é preciso viver, se trata de um sentimento!!

    Ana Carolina - Enfermagem, Turma B.

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  7. O texto é maravilhoso e esse tema é muito envolvente. Fala do amor de varias formas, do amor bom, do amor ruim e de como não "estragar" o amor quando terminei de ler logo me veio essa musica na cabeça que também fala do amor!

    Monte Castelo
    Legião Urbana

    Ainda que eu falasse
    A língua dos homens
    E falasse a língua dos anjos
    Sem amor, eu nada seria...
    É só o amor, é só o amor
    Que conhece o que é verdade
    O amor é bom, não quer o mal
    Não sente inveja
    Ou se envaidece...
    O amor é o fogo
    Que arde sem se ver
    É ferida que dói
    E não se sente
    É um contentamento
    Descontente
    É dor que desatina sem doer...
    É um não querer
    Mais que bem querer
    É solitário andar
    Por entre a gente
    É um não contentar-se
    De contente
    É cuidar que se ganha
    Em se perder...
    É um estar-se preso
    Por vontade
    É servir a quem vence
    O vencedor
    É um ter com quem nos mata
    A lealdade
    Tão contrário a si
    É o mesmo amor...
    Estou acordado
    E todos dormem
    Agora vejo em parte
    Mas então veremos face a face
    É só o amor, é só o amor
    Que conhece o que é verdade..

    Abraço.
    Laura Enfermagem-B

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