domingo, 28 de novembro de 2010

Sonho, logo insisto: Poemas de Coração Partido I

Sonho, logo insisto: Poemas de Coração Partido I: "Adélia Prado tem um poema que eu adoro que se chama Amor Violeta (Poesia Reunida p. 81. E. Siciliano): O amor me fere é debaixo do braço, d..."

Poemas de Coração Partido I

Adélia Prado tem um poema que eu adoro que se chama Amor Violeta (Poesia Reunida p. 81. E. Siciliano):

O amor me fere é debaixo do braço,
de um vão entre as costelas.
Atinge o meu coração é por esta via inclinada.
Eu ponho o amor no pilão com cinza
e grão de roxo e soco. Macero ele,
faço de cataplasma
e ponho sobre a ferida.

Procurando um livro de frases (minhas e dos outros)achei um poema de 2004 que fiz em homenagem ao Amor Violeta:
Sucumbi ao corpo
Feri a alma
Joguei a tristeza num pilão e macerei com carinho...
Vou fazer cataplasma e cobrir o coração.
Mau de culpa se cura com soro de lágrimas.

Então lembrei de outro que tinha feito no final de 2009:
O amor fez um buraco no meu coração,
mais ou menos na ponta de baixo (sei porque é onde dói mais!)
Dele nasceu um novelo de dor.
Puxo o fio da meada e coloco no tear d'alma
e faço manta para cobrir-me nas noites em que minha cama
fica com um frio desértico.

Sabe o que eu adorei nos poemas (pergunta super narcísica!)?
Sou capaz, como qualquer ser humano, de chorar sobre minhas próprias feridas e dar uma nova direção, um caminho novo a seguir. E também aprendi, e acho que eles (meus poemas) revelam isso, que suporto os lutos e sei que eles fazem parte da vida. Não só intelectualmente, mas viseralmente.

Resolvi fazer está partilha porque quando meu coração foi partido um livro me ajudou de uma forma poética e acalentadora. Ele foi meu livro de cabeceira durante meses. Como Sobreviver à perda de um Amor. Ed. Sextante. Ele não trata somente de perder um amor, mas de todas as perdas que temos. E quem não perde? Você poder usar de ironia, de bebida, de frases-de-efeito, até de eloqüência intelectual, mas perder dói. E a negação da dor tem um efeito colateral terrível. Como uma poupança às avessas.

Reverencio todos aqueles que sofreram uma perda amorosa.
Beijos