sábado, 23 de outubro de 2010

Ao meu mestre, com carinho.



Escrevi este texto, pois sabia que estaria muito emocionada no momento de fazer a Homenagem ao meu pai, no Professor nota A da Fesp. Confesso a emoção foi muito maior do que eu imaginava e mal consigui lê-lo.
Local: Espaço Absoluto
Dia: 20/10/2010


Antes de dizer o que devo dizer.
Gostaria de contar a todos vocês que estou muito emocionada e meus olhos estão marejados de lágrimas.
Tamanha comoção tem uma razão especial. Vou explicar:
Meu nome é Laura, e vou dizer meu sobrenome, não por soberba mas por orgulho.
Meu sobrenome é Gianini.
E tenho mais um dado especial para contar para vocês: ontem fiz 45 anos de idade e apresentar Waldemar Gianini, para vocês, está sendo um presente de aniversário muito significativo para mim, talvez o maior presente que já recebi.
Quando eu tinha apenas um ano de idade ele estava entrando na faculdade com 32 anos. Antes de formar já tinha sido convidado a ministrar aulas.
Ainda era representante de vendas da Gessi-lever e viajava estudando ou estudava viajando. Autodidata estudou todo a matemática do primeiro grau sozinho.
Conta que muitas vezes ajudava os filhos dos senhores dos Armazéns a resolver problemas de geometria e álgebra.
Este professor de barba e cabelos brancos que vai estar parabenizando cada um de vocês professores nota A, é sem sombra de dúvida uma pessoa singular e autêntica, como deve ser todos aqueles que são um mito-exemplar.
Eu o reverencio não somente por ele ser meu Pai, como muitos devem saber e alguns devem ter desconfiado, mas por eu também ter sido aluna dele.
Este ano ele faz 41 anos de magistério. Isso sem contar as aulas de reforço que ele dava em casa antes de se formar.
Neste percurso deu aula em escolas públicas, em faculdades, chegou a dar 70 aulas por semana. Foi diretor da faculdade de filosofia (1985 a 1987) e depois presidente do conselho curador da FESP.
Mas para mim o que importa não é o currículo de Waldemar Gianini e sim os 41 anos de uma paixão pelo ensino, pelo próximo, pela crença de que cada pessoa tem o desejo de aprender, mesma que ela ainda não saiba.
Ele nunca desistiu, não vi meu pai desanimado com o magistério e nunca vi ele com vontade de aposentar. Ele tem algo que, acredito, compartilha com todos vocês aqui presentes, Professores nota A. Ele ama seus alunos e alunas como filhos.
Quando eu tinha mais ou menos 18 anos de idade, isso já faz um tempinho, alguém me contou que meu pai tinha sido homenageado numa formatura, depois ele acrescentou que foi uma choradeira geral por que tocaram a música ao mestre com carinho.
Eu sempre sonhei em homenagear meu pai. Ele sempre diz que sou uma filha muito coruja. Mas quantos filhos tem a possibilidade de fazer isso publicamente: Dizer do seu amor e admiração para seu pai e mestre.
Então para terminar queria recitar a música do filme que inspirou milhares de professores por décadas: Ao mestre, com carinho


Chegou o momento
De fechar os livros
E de trocar um último olhar
Enquanto parto
Sei que me afasto
Do meu melhor amigo
Alguém que me ensinou o que é certo
E como agem os fortes
É muito para se aprender
O que posso dar em troca?
Se o senhor quisesse a lua
Eu tentaria pegá-la
Mas prefiro que aceite
O meu coração
Ao meu mestre, com carinho